Oceanos - Mundo submerso
José Barbosa
Mágico, Mítico, Onírico
Artista de várias técnicas de expressão: pintura, desenho, gravura, talha, escultura, José Barbosa, começou no ofício ainda criança em Olinda, entalhando móveis. Experiência que influenciou sua produção posterior.
A obra cruza o ponto entre o espaço mágico da convivência do popular e do erudito: Monet, Balthus e Gauguin e a cultura nordestina. Mulheres nuas são habituais nas telas de cores fortes, assim como os peixes de asas, galinhas voadoras, paisagens metafísicas.
Com estes signos bastante recorrentes, constrói uma obra povoada e carregada de imagens míticas, mágicas e oníricas, fiel a sua subjetividade e a crença do seu mundo interior.
Beth Araruna
Projeto Oceanos – Mundo Submerso
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Arte Contemporânea & Sociedade Sustentável
A arte e a cultura são parte de uma sociedade viva em permanente evolução. Nos dias de hoje, temas como o desenvolvimento sustentável e as alterações climáticas estão na ordem do dia, emergindo num mundo onde se acentuam assimetrias, onde ecossistemas e populações sobrevivem em condições impensáveis.
Na obra artística de José Barbosa o peixe é o ponto de partida para um alerta para os impactos das alterações climáticas nos oceanos. E o alerta vai no sentido da perda de biodiversidade nos ecossistemas marinhos, afetando fauna e flora e os recifes de corais, muitas vezes de forma irreversível, levando à extinção das espécies. Mas para além desta preocupação, há também riscos graves para a sobrevivência humana, uma vez que as perdas nos oceanos representam uma redução da segurança alimentar.
“Globalmente, menos de 15% da terra, 21% de água doce e 8% dos oceanos são áreas protegidas e mesmo nestas não há gestão suficiente para contribuir para reduzir os danos ou aumentar a resiliência às alterações climáticas” (IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change, 2022).
Cabe a todos, nas suas diferentes expressões, como é o caso da pintura, contribuir para a proteção da vida neste planeta e agir no combate às alterações climáticas e na construção de uma sociedade resiliente para lidar com os seus impactos.
Filipa Malafaya
PhD Engenharia Civil Consultora Sustentabilidade e Ambiente.
Referência bibliográfica: IPCC (2022) Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Working Group II Contribution to the IPCC Sixth Assessment Report. Date: 27 February 2022 06:00 UTC. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/sixth-assessment-report-working-group-ii/
Exposição Virtual
Oceano e Tetis
Entidades Divinas relacionadas ao mar, pai de todos os seres
Canto XIV da Ilíada Poema épico – atribuído a Homero
O Deus Oceano – primogênito dos titãs, era o grande mar cósmico primordial que circundava o mundo. Tetis – que em grego significa mãe-nutriz é a deusa das fontes de água, matéria-prima que, segundo uma crença antiga, entra na formação de todos os corpos. No fundo do mar onde moravam OCEANO e TETIS, titãs filhos de ZEUS (céu) e (GAIA) terra, geraram 3000 ninfas, e todos os rios, poços, nascentes e nuvens de chuva. Conta a lenda que TETIS deslocava se pelo seu império em um carro com forma de uma linda concha, que puxado por cavalos parecia voar acima das águas. Ao seu redor, brincavam os Delfins e os Tritões tocando trombetas em suas conchas curvas seguida pelas filhas Oceânicas- Ninfas de grande beleza , coroadas de flores com os cabelos esvoaçantes ao sabor do vento, à espera para gerarem novos seres. O Artista, apropria se de lendas mitológicas, apresentando através de peixes gigantes e mares surreais, seu universo mítico. Ao mesmo tempo, chama atenção dos oceanos e todas as fontes de agua do planeta, como geradoras de todas as espécies e a importância para sua preservação.
Beth Araruna
Linha do Tempo
De José Barbosa vamos esperar o melhor. Se ele se resolver pela talha e não pela marcenaria, e se ficar fiel a seu sangue popular, a arte nordestina estará de parabéns, pois terá, no mínimo, ganho um entalhador que não fica a dever nada aos grandes artesãos que fizeram os altares de Olinda – esta Olinda onde ele nasceu e se criou e que é, para nós, nordestinos, a mesma ‘colina sagrada’ que foi para nossos antepassados do século XVII, na sua luta pela formação da nacionalidade”.
Ariano Suassuna - GALERIA JACQUES ARDIES. O mundo encantado de José Barbosa: catálogo. São Paulo, 1999.
“Em momentos ouve-se ecos de Matisse ou surrealismo, em outros o tom é religiosidade medieval. Mas a arte de Barbosa nunca é derivativa. Enquanto demonstra uma magnífica segurança técnica em qualquer meio, cada trabalho é cheio de surpresas maravilhosas: quanto mais tempo alguém vive com suas pinturas e esculturas, mais esse alguém entra naquele mundo especial de encantamento
Peter Rosenwald - GALERIA JACQUES ARDIES. O mundo encantado de José Barbosa: catálogo. São Paulo, 1999.
“Vendo os trabalhos do artista olindense José Barbosa, em suas variadas e múltiplas técnicas de elaboração, duas coisas logo ressaltam: quer trabalhando em pintura, desenho, gravura, talha ou escultura, a unidade temática é flagrante, a ´atmosfera´ magicamente carregada é quase uma constante, o que nos leva a observar que a sua obra é de uma integridade total, ou seja, José Barbosa é sempre fiel à sua subjetividade interior, fruto também do mundo objetivo que o marcou vivencialmente; a representatividade desse mundo está ligada teluricamente à paisagem real e mitológica da sua sempre presente Olinda.
Montez Magno - São Paulo - Renato Magalhães Gouvêa - Escritório de Arte, 1981.
acrílica s/ papel – 30 x 42cm
“José Barbosa está inscrito dentro do cenário brasileiro como um raríssimo caso de pintor que persevera nesta grande tradição visionária, onde muitos são eleitos e poucos os escolhidos para passarem pela porta estreita desse paraíso. Inclusive esses construtores de enigmas não devem ter consciência desta qualidade,assim como o santo não tem de sua santidade , sob pena de perdê-la.”
A pergunta é: onde a fantasia termina e começa o mistério?
As telas de José Barbosa têm uma luz sombria e difusa e intensamente pessoal, a ponto de às vezes, causar um certo temor, como se algo catastrófico se prenunciasse.
Francisco Brennand
José Barbosa
Nasceu em Olinda (PE) em 1948. Ainda menino começou a ajudar seu pai, marceneiro restaurador, a entalhar os arabescos com que decorava os móveis populares que comercializava. Realizou sua primeira talha na oficina do pai, aos 12 anos de idade, influenciado pela literatura de cordel. Por iniciativa do artista, gravador e cenógrafo Adão Pinheiro, que morava perto da marcenaria, entalhou um baú velho de madeira, no qual Pinheiro havia previamente desenhado anjos, pássaros e outras figuras que até hoje povoam sua obra. Frequentou ateliê na Rua da Aurora, participou de movimentos cineclubistas, do Movimento de Cultura Popular até o golpe militar de 1964. Diante da situação política ameaçadora, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1965, onde se envolveu com o Cinema Novo, a Tropicália e a Nova Figuração. No início da década de 1970 mudou-se para a Europa. Até 1978, quando retornou ao Brasil, transitou entre Colônia e Paris, trabalhando e expondo nas duas cidades. Nos anos seguintes viveu entre Rio, Olinda e Balneário Camboriú, no sul do país. Desde 2000 se reinstalou em Olinda, onde trabalha e reside atualmente.